Ninguém em sã consciência, como diria o Barba, pode admitir que Mantega tenha tomado a decisão de matar mais gente postergando a instalação de airbags e freios ABS sozinho. A decisão foi tomada por Dilma, lá em São Bernardo do Campo, ao lado do prefeito petista e lobista Luiz Marinho. Mantega apenas deu a notícia e, agora, paga o preço da bondade da chefa. Abaixo, matéria da Folha de São Paulo.
 
Depois uma semana de informações desencontradas dentro do governo, o ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou ontem que a exigência de equipamentos de segurança em todos os carros novos não será mais adiada. A regra do Contran, que obriga a indústria a equipar com airbag (bolsas que inflam em caso de colisão) e freios ABS (que evitam o travamento das rodas) 100% das unidades produzidas, entrará em vigor em janeiro de 2014. Uma exceção está em estudo para a Kombi.
 
"A preocupação é que esses equipamentos de segurança vão subir preço, e claro que isso vai talvez atrapalhar um pouco as vendas do próximo ano. Mas, como a indústria já estava em parte preparada para isso, vamos seguir adiante", disse Mantega após reunião com representantes da Anfavea (associação de montadoras). A possibilidade de adiamento da obrigatoriedade foi anunciada por Mantega há uma semana.
 
Na ocasião, o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) afirmou desconhecer uma decisão nesse sentido e reafirmou que a resolução do Contran continuava em vigor. Ontem, em nota, Ribeiro (que estava, em viagem) disse que "a Fazenda foi sensível ao compromisso assumido pelo governo de reduzir o número de vítimas no trânsito".
 
A polêmica criada em torno da data de introdução da regra prevista desde 2009, porém, acabou abrindo espaço para as montadoras negociarem compensações, sob o argumento de que precisam aumentar a competitividade e as vendas do setor no ano que vem e evitar demissões. Para isso, o governo acenou com a redução do Imposto de Importação sobre peças não produzidas no Brasil.
 
A Anfavea quer que a alíquota seja reduzida de 16% para 2% até que haja produção no Brasil. Essa seria uma forma de estimular a criação de novos modelos, como os elétricos, o que, por sua vez, ajudaria a absorver eventuais empregados ociosos.
 
No caso da Kombi, veículo no qual a implantação dos equipamentos é impossível, a indústria já havia se preparado para encerrar a produção. Mas, segundo o ministro, o sindicato do setor aponta que o fim da produção afetaria mil empregados das montadoras e 3.000 da indústria de autopeças. Diante disso, será estudada uma exceção para o veículo. "A preocupação principal é com o desemprego. Se a gente conseguir que a Kombi permaneça, vai minimizar", disse Mantega. A decisão deverá ser anunciada na segunda.
 
Até lá, também serão discutidas medidas para elevar as exportações e retirar as barreiras impostas pelo mercado argentino. O ministro reafirmou, porém, que o IPI será elevado em 2014 como previsto, sem citar valores. "Não haverá volta atrás." A redução das alíquotas para o setor foi uma forma de estimular as vendas nos últimos anos. A Anfavea não assumiu compromisso oficial com a manutenção de empregos e reforçou que o preço dos carros subirá até R$ 1.500.

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